Poema de um poeta recifense com um forte apelo pictórico. É uma boa leitura para começar o dia.
Soneto do Desmantelo Azul
Então, pintei de azul os meus sapatos por não poder de azul pintar as ruas, depois, vesti meus gestos insensatos e colori, as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente e aprisionar no azul as coisas gratas, enfim, nós derramamos simplesmente azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos que no excesso que havia em nosso espaço pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos e vimos que entre nós nascia um sul vertiginosamente azul. Azul.
Comments