A poesia barroca e o cultismo

Sempre que se fala em Barroco, menciona-se o cultismo como uma das características desse estilo de época. Então, para exemplificar bem, segue o poema do poeta brasileiro mais representativo do Barroco Literário, Gregório de Matos Guerra.

O longo título explicativo que aparece no poema é uma das características da poesia barroca. Vale lembrar que não é uma regra, mas sim uma característica. Neste poema o jogo de ideias - cultismo - é bem evidente.

Boa leitura!

Ao braço do Menino Jesus de Nossa Senhora das Maravilhas, A quem infiéis despedaçaram

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o sacramento está Deus todo,

E todo assiste inteiro em qualquer parte,

E feito em partes todo em toda a parte,

Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,

Pois que feito Jesus em partes todo

Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,

Um braço, que lhe acharam, sendo parte,

Nos disse as partes todas deste todo.

(Gregório de Matos)